Mão de Onze. Não, não. Meu nome é Mão de Oito

12 de julho de 2012
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Banda paulistana lança CD com participação especial de Emicida e Kamau 

Por Keytyane Medeiros 

Mão de Oito podia ser só mais uma banda sem identidade musical e que oportunamente recebeu o apoio de estrelas do rap nacional, mas, felizmente, é bem mais do que isso. O que chama atenção no grupo paulistano é justamente a originalidade de suas composições românticas e animadas. A banda, em breve, lançará seu primeiro álbum oficial “Um Dia Que Já Vem” e já conta com a participação especial de Kamau e Emicida


Foto por André Marques Albuquerque

Segundo o guitarrista Tomaz Toca Mamberti, a banda começou por diversão, resultado do hábito de reunir os amigos para ouvir e falar de música no grêmio da escola onde os rapazes estudavam. O nome curioso surgiu numa emergência e foi inspirado no jogo de truco. “Tínhamos um show marcado num festival e precisávamos de um nome. Entre várias ideias ruins, surgiu 'Mão de Onze'. Como éramos em 8 na época, sugeri 'Mão de Oito', aí ficou!” 

Engana-se quem pensa que o som da banda restringe-se unicamente ao pop romântico. Um dos carros-chefes desse novo CD chama-se “Beats” e conta com a participação especial de Kamau e Emicida. Na canção, o tom suave do vocalista Cohen marcou o pop feito pelos meninos do Mão de Oito, enquanto as mixagens típicas do hip hop ficaram sob a responsabilidade dos rappers paulistanos. Toca afirma ainda que a contribuição artística entre os músicos é mútua e já existe há algum tempo, “os dois [Emicida e Kamau] são grandes amigos nossos, faz tempo. Eu e o Cohen já participamos de músicas do Emicida que estão nas mixtapes ‘Pra quem já mordeu um cachorro....’ e ‘Emicídio’. Temos muitas afinidades, então essa parceria foi muito natural.” 



O primeiro EP da banda foi lançado em 2008 e de lá para cá o público têm crescido consideravelmente. A banda já tocou em importantes casas de show da capital paulista, como Studio SP e Espaço Arcoverde. O primeiro disco do Mão de Oito deve ser lançado pelo Selo Laboratório Fantasma, propriedade do rapper Emicida. 

Segundo Toca Mamberti, a principal inovação deste CD está na utilização de outros recursos musicais ainda não explorados pela banda, como o uso de metais e piano. “Tivemos muito cuidado com a sonoridade, timbres, arranjos, por isso chamamos o Ganja pra produzir.” O produtor Daniel Ganjaman é conhecido por dirigir álbuns recentes como “Nó na Orelha” de Criolo e “Alegria Compartilhada” da banda Forfun, além de produzir os discos clássicos "Nada como um Dia Após o Outro Dia" dos Racionais MCs e "Rap é Compromisso" de Sabotage. O primeiro single do Mão de Oito a ser lançado ainda este mês será “Acorda”, realizado em parceria da cantora baiana Marcela Bellas. 

Foto por Carlos Careca


Com composições próprias, produção de peso e apoio de importantes artistas do momento, o som oferecido pelos rapazes do Mão de Oito não decepciona. Suas influências vão desde a MPB dos anos de 1970 e 1980, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Jorge Ben até clássicos do rock como Jimi Hendrix, Rolling Stones e Led Zeppelin. 

Canções como “Vim” e “Que tal?” revelam um romantismo que já não se ouve com tanta facilidade por aí. Diferentemente de outras bandas da cena pop nacional, as canções do Mão de Oito apregoam e despertam a suavidade de amores que não necessariamente machucam, mas nem por isso fazem bem ao coração. Não se trata de vocais chorosos ou gritados, muito menos de arranjos ensurdecedores. O som do Mão de Oito é leve, rítmico e o mais importante, é romântico sem ser meloso.

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