Quando o Valvulla sujou o Shiva Bar - Quarta Dimensão

13 de maio de 2011
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Às vezes a canção rebuscada, com métricas rígidas e lirismo profundo é importante, fazem a gente refletir, ficar quieto. Às vezes... não adianta. Simplesmente porque queremos somente um power-trio (guitarra, baixo e bateria), poucos acordes, berros e ficar doidão com o som.

Esse é o estilo da banda Valvulla, de Vila Velha, Espírito Santo, que se apresentou ontem (12/05) na inauguração do projeto Quarta Dimensão no Shiva Bar. Mergulhados em referências do rock das décadas de 60 e 70, Valvulla mostra um rock cru, direto, de garagem. Como credencial têm a abertura do show do Placebo, em 2005, quando foram finalistas do concurso Claro que é Rock.O som não é nada de original, se comparado a Sex Pistols, The Clash, Stooges  e Ramones. Mas, em tempos de acesso total a tudo, relembrar vale tanto quanto criar. Não há problema em homenagear o já feito, em recriar o original.

Um exemplo de citação aos ídolos é a fixação com o ano de 1977, ano de auge do punk-hardcore, Sex Pistols, Guerra Fria, rebeldes, drogas, faça-você-mesmo, loucuras. Veja: o baterista responde por Renato 77, o nome da turnê atual do grupo é “Inner Man – tour 1977” e eles possuem uma música chamada... 1977. Isso que é homenagem.

“É isso que a gente quer. Rock de três acordes, simples, sujão mesmo”, conta o guitarrista Will. Fora do bar e sentado ao meio-fio com o restante da banda, ele lembra que a antiga formação do Valvulla tinha um vocalista “meio bossa nova”, incompatível com o estilo atual que a banda encontrou no atual frontman, João Lucas.
Sempre ajeitando os cabelos para frente do rosto e gritando sem parar, ele segura a barra nos vocais. O baixista Danilo, usando óculos escuros quadrados bem Mod (a banda inteira o é), viaja com as linhas de baixo, joga o instrumento para todos os lados e leva perigo para as cabeças das espectadoras mais próximas (relato da colaborada do E-colab, Beatriz Almeida).

O show começou cedo, meia-noite, mas o bar já estava lotado. No repertório: covers de Beatles pré-Rubber Soul (“Eight days a week” e outros), Stones (“Route 66”), Stooges (“No fun”),Velvet (“I’m waiting for my man”, que fritação linda) e Júpiter Maçã com faixa condizente à ocasião, (“Um lugar do caralho”).

E era mesmo. Tijolinhos expostos davam aconchego, simplicidade. As flores, os tapetes e os Ganesh na parede se multiplicavam sugerindo tranquilidade. “O espaço é do caralho, não tem isso em Vila Velha ou mesmo em Vitória”, diz surpreso o baterista Will.

O Valvulla fez 16 horas de viagem de Vila Velha a Bauru. O tempo ocioso não foi de todo mal, durante a saga do ônibus a banda compôs a música “Saint Paul”, homenagem ao Estado que estão percorrendo, e que foi acrescentada às seis músicas do EP Inner Man. Três delas podem ser escutadas no Myspace do Valvulla.

Banda de rock é isso mesmo. Longas viagens de ônibus, levando instrumento nas costas, sentado na guia para dar entrevista... sempre tomando uma cerveja barata. E que isso (o rock) nunca acabe.

Por Renan Simão


Um rolê do caralho!
Quantas dimensões superadas numa só noite! Se você procurava “um lugar legal” pra “dançar” e “escabelar”, que “tem um som legal”, “que tem gente legal”, “onde as pessoas sejam loucas” o Shiva era o role!  “Um lugar do caralho”, como diria Júpiter Maçã! Mas não foi ele quem brilhou na primeira noite do Quarta Dimensão no ShivaBar. A banda Válvula, do Espírito Santo rodou quilômetros pra chegar em Bauru, subir no palco e mandar ver! Entre muitas autorais, ouvimos Beatles e Júpiter Maçã, e aquele era o “lugar do caralho”!

Não dá pra não falar da discotecagem do Árido Groove. Eu to começando a me deixar levar pela presença do som dos caras pra pensar se eu vou ou não num role. Não conheço a banda?! Ah, mas vai ter Árido Groove, a noite vai ser boa! Os caras envolvem os clássicos com as bandas que estão começando agora, precisando de divulgação, a seleção das músicas é única, eles são diferenciados!

A noite rolou até umas 5 da manhã. Entrada de graça até meia-noite, cerveja gelada, gente maluca, gente feliz, gente. Tinha muita gente! E tava quente, ninguém parou de dançar, ninguém parou de beber, ninguém se sentou, ninguém queria ir embora. Quinta não era um dia de compromissos.

Por Laís Bellini
Fotos: Vitor Garcia
  1. Renan, Laís, excelente a cobertura, curti demais a pegada!
    Ambos os textos estão mega intensos, parabéns!

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  2. Parabéns mesmo ... pessoas assim q fazem nosso projeto brilhar.. PARABÉNS!!!

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  3. Adoraria ter ido a essa show! e pelos dizeres foi um puta show!
    Parabéns Valvulla! Parabéns a todos ligados a realização de eventos dessa natureza!

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  4. Pra variar,ótimos textos.
    A estréia do projeto foi muito massa e buscando uma referência que aparece em ambos os textos, podemos dizer que ali é "um lugar do caralho" para irmos para a quarta-dimensão.

    parabéns Renan, Laís e Vitor. Du caralho.

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