Ô “Abre-Alas” que eu quero passar...

19 de maio de 2011
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Texto: Artur Faleiros
Fotos: Marina Wang

Esse final de semana o Parque Vitória Régia foi palco para o espetáculo coordenado pelo Grupo de Teatro Lume. Com muita energia o grupo trabalhou, durante toda a semana no SESC a montagem do Cortejo Abre Alas.

A proposta da apresentação já passou por diversas cidades e trabalha com a história de cada uma delas com artistas locais que carregam elementos clássicos da cidade. Em Bauru não foi diferente e o cortejo ocupou uma das principais praças da cidade com um espetáculo que juntou artistas bauruenses coordenado pelo Grupo LUME. Ao todo eram mais de 70 artistas que compunham 9 alas e eram ligadas por anjos – artistas do LUME – que faziam a funçaõ principal de guiar o cortejo, conectar as alas e trazer o público ainda mais pra dentro do espetáculo.

Com muita triangulação, diálogo, contato e provocações o espetáculo durou quase 2 horas e itinerou por pontos do parque e terminou nas ruas da cidade a poucas quadras dali.

A história de Bauru foi remontada em grandes blocos que dialogavam entre si e davam sentido às cores que ocupavam aquela tarde que havia começado cinzenta na cidade. Pouco menos de meia hora antes da apresentação a chuva parou e deu espaço para que o espetáculo acontecesse a céu aberto com sucesso. Confesso que deu um “medinho” de perder essa baita oportunidade.

Confesso também que demorei um pouco para me localizar no meio de tudo aquilo, mas aos poucos fui reconhecendo cada uma das alas ali representadas. Desde os índios Kaiagang passando pelos bandeirantes, políticos, Eni, Damas da sociedade, fazendeiros, igreja o trêm e as novidades que ele trazia. Outro fato que não poderia ficar de fora, o sanduiche, foi motivo de menção conjunta de alas que cantavam: “Pão com Queijo” + “Presunto e Picles” + “ e vai tomate” de forma ritmada montando o Bauru.





Indios Kaiagang depois do contato com os Bandeirantes



Bandeirantes represetados na figura - agressiva - de minotauros. 


Mulheres da Eni frente aos Fazendeiros depois de uma cena que mostrava a relação entre ambos


Políticos e fazendeiros negociando com mulheres da Eni ao fundo. Em busca da emancipação da Cidade 


Aos poucos por meio das ações, vestimentas, conexões e diálogos a história ia aparecendo e ganhava sentido. A forma como os indios estavam no começo, como sairam, a relação com os bandeirantes, com a ingreja. A Eni e a forma como esta conseguiui fortalecer a voz de emancipação de Bauru ao linkar as forças dos fazendeiros frente aos políticos e ao mesmo tempo as mulheres da sociedade que viam seus homens se apegando à cidade e “o trem que trazia a novidade....”

Ações como essas trazem de volta uma analise que tive entre amigos semana passada de que Bauru tem um solo muito fértil para as artes cênicas, mas pouco espaço e oportunidades/caminhos para que se desenvolva. A análise seguiu de uma conversa entre vários grupos quando nos encontramos na USP em que percebemos a presença massiva de artistas do ramo na cidade, que por sua vez não investe e parece que não acredita e não "abre-alas" para que as artes cênicas se desenvolvam de fato.

(Desabafo de uma “revirada cultural” que só tras música e joga pro escanteio todas as outras linguagens....)

Veja as fotos de Marina Wang do espetáculo.

Anjo! Artista do Lume que conduzia o espetáculo, orientava a movmentação e dialogava com o público. 


"Damas da sociedade" que viam seus homens perdidos para as "Mulheres da Eni" 


Ala da Igreja 


Políticos

Ala dos birutas que simbolizavam o trêm e a Maria Fumaça

Ala dos tecidos + ala dos índios






Para ver mais fotos, clique aqui.

Realização: SESC
Apoio: Enxame Coletivo

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