Texto por Tamiris Volcean
Foto: Divulgação/CAPSI
Nesta quarta-feira (10/04), o
CAPSI (Centro Acadêmico de Psicologia) iniciou a realização do CAPSInema. O
evento cultural será realizado mensalmente e apresenta como principal objetivo
a transmissão de filmes que se relacionem com algum tema da Psicologia.
Os membros do CAPSI dividiram-se
em duplas, as quais são responsáveis pela escolha do filme do mês, assim como
dos docentes que participarão do debate sobre o eixo teórico definido.
O filme de abertura do CAPSInema
foi “Festen” (Título em Português: Festa de Família, 1998), dirigido por Thomas
Vinterberg. “Festen” conseguiu satisfazer a ideia de aproximar ficção de
situações cotidianas. O filme, marco do movimento Dogma 95*, evidencia em seu
enredo o contexto familiar e o desfalecimento da instituição.
Assim como outras produções do
movimento criado por Thomas Vinterberg e Lars Von Trier, “Festen” apresenta uma
realidade ácida, a filmagem com a câmera em mãos, característica marcante do
movimento, torna as situações retratadas ainda menos ficcionais. Os problemas
familiares retratados na filmagem são expostos de forma objetiva, sem se
preocupar com o estômago do espectador, esse é obrigado a encarar situações extremamente
desagradáveis. E mais: aceitar que tudo aquilo que lhe causa náuseas durante a
exibição do filme é passível de ocorrer em famílias que estão do lado de fora
das telas do cinema.
Samantha Camacam, aluna do
segundo ano de Psicologia e uma das responsáveis pela abertura do CAPSinema,
define o evento como um espaço de reflexão e troca de olhares sobre temas
acadêmicos teóricos, caracterizando-o como “um evento cultural que visa
instigar o debate sobre temas da Psicologia por estudantes do curso, assim como
graduandos de outras áreas.”
Para os organizadores, a
participação de outros cursos no debate é tão importante quanto dos psicólogos em formação. Além
disso, grande importância da participação dos docentes em eventos culturais
como esse é evidenciada, uma vez que são raras as oportunidades de
horizontalizar o ensino e socializar produtos e temas acadêmicos.
Infelizmente, apesar de toda a dedicação dos organizadores na escolha do primeiro filme e na delimitação do eixo teórico a ser debatido, poucas pessoas compareceram ao evento.
O número de projetos de extensão
e eventos culturais lançados e sugeridos é inversamente proporcional ao contingente
universitário que esses conseguem atingir. Os estudantes de graduação
limitam-se às discussões verticalizadas das salas de aula, nas quais se tornam
totalmente passivos no processo de ensino-aprendizagem. Os universitários
esquecem que o poder de argumentação só é exercitado quando o docente deixa de
impor ideias e passa a debatê-las, aceitando a bagagem cultural e intelectual
de cada um, a qual é agregada por meio da participação em eventos como o
CAPSInema.
A organização de eventos
extra-sala dentro e fora da universidade deve ser valorizada.
Que o CAPSInema não desista na
primeira edição, para que aqueles que deixaram de desfrutar desse espaço possam
ter mais uma chance no próximo mês.
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