Vilão do Groove: Bang Bang do cerrado
Estréia da banda bauruense trouxe o clima folk do blues e som instrumental
Um estilo árido e um som úmido definem essa banda bauruense que junto com a banda argentina Malaquerencia fizeram de mais uma Noite Fora do Eixo ( #14) um sucesso no Jack Pub.
Essa havia sido a primeira apresentação da banda como Vilão do Groove, fato anônimo para muitos que estavam ali. A intimidade com o palco e os rostos que não se mostravam estranhos ao público que assistia atento ao show era evidente. Cada um dos três membros, João Ribeiro, Thiago Rodrigues e Dimas Hornes, fazem parte de outras bandas com estilos ora semelhantes ora bem diferentes do apresentado nessa noite de sexta- feira.
O som meio blues, meio rock, era totalmente instrumental e, diga-se de passagem, auto-suficiente, em que a guitarra parecia um falsete vocalizado de tão melódico.
Os músicos estavam bem empolgados com a própria música, num clima de começo de namoro. Além disso, estavam praticamente uniformizados, o que parecia ser pelo bem maior de marcar a personalidade da nova banda com cara de faroeste americano. Camisa xadrez, suspensório, chapéu, colete, botina de couro eram alguns dos adereços.
Aliás, esse estilo marcante parecia até ter surgido de um marketing de professor, mas no fundo mostrava a naturalidade de músicos apaixonados.
A guitarra tinha um estilo progressivo, que às vezes enganava por parecer Pink Floid. Ledo engano, ao falar com João, a revelação. Todas as músicas eram autorais apesar da familiaridade sonora que algumas podiam passar.
Bater o pé, apoiar-se livre no calcanhar e apertar o lábio em tom de desafio mostravam o quanto a guitarra de Dimas fazia parte desse contexto vocal da banda, apesar da distribuição igualitária, dinâmica e triangular dos músicos entre o palco.
A bateria de Thiago Rodrigues já era conhecida por suas batidas na banda Norman Bates e os Corações Alados e eram bem marcadas como pedia o contexto.
O baixo também era marcado e melódico e João dava hora ou outra um olhar desconfiado para o público que dessa vez deixou o Jack com espaços vagos, mas com o habitual público cativo.
No dia seguinte do show eles teriam mais shows, mas nas suas outras respectivas bandas. João no Aleluia Bitch ia ter que desvestir sua pele de cordeiro folk que lhe foi peculiar nessa estréia, vestir a camisa do rock alternativo e mostrar o quão músicos bons podem surpreender nas mais diversas facetas.
Sobre o estilo da Vilão do Groove , João se mostra levemente indeciso. “A gente tá meio cru, sabe.”, cabe a mim, então, descrever o que me parecia, ou talvez não e concordar com o baixista. Deixar claro que o que importava ali estava longe dos rótulos é a melhor solução.
[Vilão do Groove]
Una más, y no jodemos más
Por Ana Laura Mosquera
A noite começou (com o DJ) e terminou (com a banda e com o DJ de novo!) no balanço do ritmo latino. Não sei se era o calor, a vontade de dançar livremente ou os dois, mas o clima do Jack Pub estava propenso à latinidade na última Noite Fora do Eixo. Eram amigas brasileiras arriscando passos latinos e se esforçando para rodar suas saias (que pareciam ter tirado do armário para a ocasião). Também um roqueiro, um pouco forçado a bailar pela namorada e alguns caras desengonçados dançando a dois, esses só fazendo uma graça...
Nem sei que horas eram e a expectativa para mais uma presença cordobenha em Bauru só nesse mês parecia grande. O clima da Unesp esse semestre também não poderia ser mais propício para a presença do ritmo caliente. São quase 30 intercambistas das terras da salsa, da cumbia e de outras levadas latinas esse semestre na Unesp.
Voltando um pouco: começo da noite, ainda na fila, na entrada do Jack, a opinião de quem ouviu a passagem de som foi quase que de encontro com a de uma mera ouvinte do myspace (eu). Ao vivo eles são muito melhores. Então o show começa e as expectativas só aumentam. Buena!
Com fortes elementos do folclore argentino e, no fundo, uma pegada de jazz (e até de reggae urbano), a banda Malaquerencia fechou mais uma edição da Noite Fora do Eixo no ritmo típico da região. Entre estranhos passinhos arriscados pelo vocalista e o pique contagiante do baixista, que insistia em puxar a galera com gritos efusivos em português, os representantes da música independente argentina conduziram a noite para o desfecho ideal.
Após um show de entrosamento quase perfeito com a galera, os cordobenhos conseguiram terminar com o que se pode chamar de uma mistura feita com música boa, dançante, porém tranqüila. E foi assim, com um, dois, três bis, que nos despedimos dos hermanos da Malaquerencia (que sejam sempre bem-vindos!).
[Malaquerencia]
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