E com vocês, Festinbau!

29 de setembro de 2011
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Fotos por Aline Ramos e Rafael Kage
Texto por Pamela Morrison
Balada de um louco


Quarta feira, 28 de setembro, uma noite qualquer para uns e para outros uma luz no fim do túnel. Para quem esteve presente no Festinbau, Festival de Teatro Independente de Bauru, pôde sentir ao sentar na arquibancada do “circo” que sairia de lá com perspectivas maiores para si com a peça “Balada de um palhaço”, dirigida por Paulo Neves e texto de Plínio Marcos.

Arrepio logo de cara ao ouvir o palhaço Bobo Plin tocar sua sanfona. No rosto um ar de ingenuidade que encanta e na alma que diz ser um “guerreiro tentando encontrar seu ponto de equilíbrio".

O espetáculo enfatiza o homem moderno. E o embate filosófico entre o palhaço Menelão que não compreende a fase melancólica de Bobo Plin. Tornando-se o contestador de sua determinação. Peça de grande crítica social interpretada com palhaçada.

Foto: Rafael Kage
























O debate ocorrido em cena é forte. Pura crítica moralista envolvendo também a normose (patologia da normalidade/ doença de ser normal). Bobo Plin defende o erro dos seres humanos terem se tornado cães castrados por essa maldita sociedade de consumo. E te digo: vivem, ou melhor, estão presentes como cães adestrados que se acostumaram com a coleira, porque o difícil não é você parar de pensar, e sim sair da miséria de “ser”. Pois o homem normótico afirma que todos são medíocres. E isso é algo comum, rotina, trabalhar, trabalhar, trabalhar, comer, dormir, televisão.

O espetáculo entra na mente, pisa no calo do homem medíocre e a verdade o angustia. Tocando a sua ferida mais profunda, pessoas conseguem sair da peça e dizer que não gostaram ou até que não entenderam. Mentira, doeu.

A dor da humanidade é a repetição, nos sentimentos privados dos sentidos, dos sentimentos, de repente se tornou “brega” sentir. A maioria dos palhaços acabam loucos, antes louco do que não rir de si mesmo! A peça me fez refletir, e a quem prestou atenção aos detalhes das palavras também entendeu como é muito mais importante você sentir um alívio ao rir e chorar do que tentar fazer os outros rirem.

Aconselho a todos que não foram, que vejam o espetáculo. E por fim, perdoo quem não tem olhos para verem e ouvidos para ouvir. Então subo ao monte enquanto tenho pernas!



Fotos por Ana Beatriz Assam e Rafael Kage
Texto por Aline Ramos
Pontos de equilíbrio

Hoje eu quero os palcos de volta, quero a coxia, o público. Quero que alguém me deseje "merda". Quero boas jogadas, quero GOL! GOOOOOL??? Enquanto entram no campo, Brasil e Argentina, aproximadamente 25 pessoas discutem “Estética e Arte”.

E todo mundo ali, queria menos anestesia. Em tempos de “trabalhar, trabalhar, trabalhar, comer, dormir, televisão”. SKY, NET, novela das oito, O Astro, Mano Menezes, Borges e Neymar, para Paulo Neves, são esses os anestésicos a que se referia.

“A galera anda meio brava com o audiovisual, né?”, a equipe de cobertura se questiona. Não, não é com o audiovisual. É com a falta de sentido que o palhaço Bobo Plin reclamou minutos antes. É com a ausência da troca. Por que teatro é isso, palco e público. Ator e plateia.

Foto: Rafael Kage


Teatrólogos perdoem se estou dizendo coisas repetidas e conhecidas por vocês. Não há nada de novo. Mas é que aquele quintal de casa iluminado pelo monólogo de uma estrela solitária no céu era novidade pra mim. O que dizer do pé de pitanga, laranja de doce e laranja lima? A nossa loucura estava bem servida.

Sai de lá, querendo fazer poesia, teatro, vida. Como disse Augusto Boal, “Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'”. Pronto, virei atriz.

Bobo Plin havia dito que todo ator busca seu ponto de equilíbrio. Então entendi, que na busca alheia, posso me encontrar. Por mais clichê que possa soar, no palco da vida estamos todos nos curando, nos encontrando.

E hoje, quinta-feira, dia que o cinema estreia cinco a seis filmes, o Festinbau terá em palco, dez cenas curtas. Mostrando que esse é o pontapé para o revigoramento do teatro em Bauru. Ou seria esse só um ritual do encontro? Não importa, estamos todos nos curando.

Nota: A mesa de abertura do Festinbau, contou com a participação bauruense de Marco Giafferi da Cia Titius de Teatro. Francisco Lima Dal Col do grupo Teatro Acidental (Campinas), Fábio Valério do grupo Protótipo Tópico e com a mediação de Paulo Neves (Bauru).


  1. Caralho, que coberura foda.
    Sensacional Pamela, @Kagesan e Aline!

    Não é por menos, o FESTINBAU realmente começou muito bem!
    Vamo que vamo que ainda tem muito mais!
    É nóis

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