Trupe Chá de Boldo traz o fino da novidade paulistana para o interior
Como de costume o SESC surpreendeu positivamente nas suas atrações. Dessa vez um grupo performático inovador de jovens amigos vindos de São Paulo trouxeram um repertório novo e cheio de influências, ou melhor, cheio de músicas que demonstravam o quanto eles tinham sido “afetados” por outros sons: de Doces Bárbaros à Sidney Magal. Dá para perder um tempo desmembrando as diversas influências do trabalho do grupo.
A Trupe Chá de Boldo tem daquelas composições pouco convencionais, mas que ultimamente tem aparecido com freqüência. Muitos músicos dividindo o mesmo palco e transformando a música num verdadeiro teatro, compartilhando algo que prezamos tanto: a integração das artes.
Os 12 integrantes se dividiam em vocal e os mais diversos instrumentos de percussão. De saxofone a gaita, de cavaquinho a guitarra, além de 3 belas meninas cantantes em seus corpos esguios e maquiados e suas roupas pin ups modernetes.
Essas 3 vozes monotônicas chamavam atenção pelas suas referências de backing vocals do Jazz americano em suas dancinhas e em vozes de bossa nova num “erre” paulista só visto em Carmem Miranda. Moças que repentinamente viram protagonistas do show, assumindo o centro do palco com uma malícia suave e muita doçura interpretativa.
Nem mesmo a platéia que apareceu em número considerável para um dia frio e chuvoso se conteve por muito tempo. Apesar dos confortáveis sofás que a área de convivência do SESC oferece teve quem levantasse já na segunda ou terceira música, ainda tentando entender como o excesso de informação num mesmo palco funcionava de forma tão harmônica.
As roupas que melhor defino como figurinos carregavam o palco de cor, de onde se anunciava que duas das músicas inéditas seriam apresentadas. As canções que pertencem ao novo álbum com lançamento previsto para este ano parecem demonstrar a regularidade musical com que a banda segue depois de “Bárbaro”, disco que dominou quase todo o repertório do show.
Foi nesse clima pouco efusivo e dosado no ponto entre a desinibição das vozes e introspecção dançante dos instrumentistas que se passou a apresentação da Trupe. Não menos saudosistas que uma marchinha, não mais vanguardista que um movimento cultural. No ponto.
Por Laura Luz e Beatriz Almeida
Fotos: Vitor Garcia
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