Tem Doméstica na praça!

18 de dezembro de 2013
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Texto e Fotos por Keytyane Medeiros

“Mas Jimmy Cliff balançou a ilha e disse iê iê a capital existe a capital existe” cantarola Alcione no radinho da empregada doméstica Gracinha, que mora em São Paulo. Gracinha faz jus ao nome. É uma senhora simpática, muito alegre e tem hábitos meio estranhos, como limpar a casa dos patrões pela noite e tirar cochilos em posições estranhas no sofá, sobre a mesa ou máquina de lavar. Mas Gracinha, como muitas outras empregadas que nos foram apresentadas ao longo do documentário “Domésticas”, de Gabriel Mascaro, tem uma história triste para contar. Enquanto passava três meses cuidando da mãe dos patrões que tinha acabado de ser operada, seu filho foi assassinado.

O documentário lançado em 1º de maio de 2013 e exibido na noite de hoje na Praça Rui Barbosa faz parte da 8º Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, projeto realizado pela Secretaria de Direitos Humanos em parceria com o Ministério da Cultura e que tem mais de 600 pontos de exibição espalhados pelo país, e entre eles, Bauru. Aqui, a iniciativa foi colocado em prática por vários projetos da cidade e da Unesp como Brasil de todo mundo, Neocriativa e Museu de Imagem e Som de Bauru com o apoio da prefeitura municipal. 

Além da história da Gracinha, 7 jovens se tornaram cineastas por uma semana e registraram a rotina de suas empregadas - e empregado doméstico. Não apenas a rotina, mas quase todas as histórias tinham um pouco de tristeza, dureza e falavam de laços quase familiares existentes entre os patrões e os empregados. Mas eles muito provavelmente nunca deixarão de ser trabalhadores domésticos e isso é importante frisar. Nota-se isso quando, ao falar da doméstica Lucimar, o documentário nos mostra como duas amigas de infância podem ter sua relação alterada sob a necessidade do trabalho. Lucimar agora é empregada da amiga de infância. Outra história tão curiosa quanto essa foi a da empregada doméstica que trabalha para outra empregada doméstica por causa da necessidade de trabalhar fora, administrar a casa e cuidar dos filhos. São histórias diferentes e particularizadas, mas o documentário deixa implícito, por meio das falas das empregadas, como a estrutura capitalista que vivemos hoje já determina desde cedo quem será trabalhador braçal e quem irá se dedicar a outro tipo de ofício.

É um documentário bonito e interessante em sua natureza, na forma como foi produzido – quase que colaborativamente – e na repercussão, lançado exatamente quando a PEC das Domésticas foi aprovado. É um filme igualmente aplaudido e necessário.



A Mostra de Cinema e Direitos Humanos na América do Sul continua na Unesp entre terça e quarta-feira e também tem apresentações no Centro Cultural de Bauru e no MIS. Para saber mais da programação, acesse: https://www.facebook.com/events/273671969424115/


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