Entrevista Bona Fortuna

25 de maio de 2012
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Entrevista por Luís Morais

Nessa semana bati um rápido papo por telefone com Filipe Oliveira, baixista do Bona Fortuna, para falar um pouco mais sobre a banda. Aquele gostoso folk de se apreciar ao por do sol tem toda uma explicação de como foi produzido e composto. 

Um álbum que ficou “parado” por mais de um ano e hoje alcança na casa dos milhares nos downloads, hoje é prioridade sonora de André Araújo (voz e guitarra), Davi Queiroz (guitarra e violino), Filipe Oliveira (baixo) e Lucas Oliveira (bateria). 

Sem mais delongas, sigam o bate papo com Filipe, o grande responsável pelo disco da Bona Fortuna. 

Então vocês são uma banda de garagem, já que gravaram em uma... 

Filipe: Na verdade não foi garagem, foi num quartinho que a gente ensaia com a banda, que é aqui nos fundos de casa. E montei lá um computador, já mexia com gravação, já havia produzido algumas outras bandas aqui da região. Eu comecei a compor algumas músicas sem ter o intuito de gravar nem nada. Depois de um tempo comecei a gostar do resultado e decidi gravar. Gravei aqui em casa todos os instrumentos e depois chamei o André para gravar o vocal. 

Divulgação
Foi uma coisa do “destino” ter gravado então, não foi algo pensado? 

Filipe: Com certeza não. Na verdade, foi meio sem pretensão nenhuma. Nós decidimos gravar para divulgar entre amigos. Mas gravamos, começamos a divulgar, o povo começou a divulgar bastante, como nossos amigos mais próximos e parentes. Nos empolgamos com o lançamento do album pelo site Musicoteca. Porque ele ficou parado um bom tempo. Na verdade tudo isso [o processo de gravação] aconteceu no final de 2010/início de 2011. Eu gravei as músicas, compus, editei, o vocalista veio e gravou e o projeto ficou meio parado. Nós desanimamos, tínhamos vários outros projetos e bandas. Mas depois o nosso novo produtor Pedro Ferreira veio com a ideia de relançar o álbum, dando uma nova perspectiva com uma boa divulgação. E agora estamos mais com essa pretensão de divulgar. No início podemos dizer que foi algo do destino. 

E como começou essa relação com o produtor Pedro Ferreira? 

Filipe: A gente já o conhecia aqui de Mariana, e nós já nos encontramos varias vezes, ele participou da Musicoteca que é um blog bem famoso. No início desse ano ele veio com a ideia de pegar o álbum e relançar. Na verdade ele já conhecia o trabalho há um tempo, mas não sabia se a gente tinha essa ideia de divulgar. Até que ele veio, chamou a gente para uma reunião e perguntou: “o que vocês acham da gente lançar? Eu tenho muitos contatos em blogs da internet e podemos dar um jeito disso correr pelo país”. Nos animamos, ele falou que acreditava bastante no trabalho e assim foi. 

E como está o resultado dessa divulgação? 

Filipe: Em um mês e pouquinho nós já temos mais de 2 mil downloads lá no site, fora o pessoal que já tinha o CD, como nossos amigos próximos. E como a gente estuda na Universidade Federal do Rio Preto, o CD correu por lá também. E já estamos tendo muitas propostas de shows, já estamos ensaiando para o show de lançamento que a gente pretende fazer aqui em Mariana, Ouro Preto, BH e depois pelo Brasil. Então a divulgação está muito bacana, estamos saindo nesses blogs com boa reputação na música.

Divulgação


Falando em shows, vocês tem relação com algum Coletivo da região? 

Filipe: Já estamos em vários projetos com o Fora do Eixo. A gente pretende tocar em Belo Horizonte e Ouro Preto no Festival de Inverno. Aliás, o nosso produtor [Pedro Ferreira] já participou do Fora do Eixo, depois saiu porque estava mexendo com outros projetos. Nós temos um contato bem próximo com o Fora do Eixo, que em Minas é muito forte e nós pretendemos fazer vários shows com eles. Estamos em momento de ensaio, escolha de repertório, mas logo vai vir os shows e o Fora do Eixo é uma ótima oportunidade de divulgação. 

Falando mais um pouco da musicalidade do disco, vocês tem uma banda de blues com a mesma formação do Bona Fortuna. Então como que surge um CD num estilo mais folk? 

Filipe: Na verdade não consigo explicar isso muito. Eu fui compondo, e tudo que eu ouço e gosto de tocar, acaba influenciando e essa mistura acaba gerando o som da banda. Eu não posso explicar racionalmente como que vem essa composição das músicas, foi algo bem natural. Eu sou muito eclético. Gosto de rock, folk, blues, música mais alternativa, Los Hermanos, muita coisa. E tudo acaba influenciando para que saia o som e tenha a nossa cara. E foi melhor a gente ter gravado aqui em casa, porque assim conseguimos dar essa roupagem ideal, como queríamos que o som saísse e soasse a gente conseguiu, foi bem interessante isso. Enfim, eu gosto muito de folk, mas minha intenção nunca foi fazer um CD de folk. As músicas foram surgindo e deu no que deu. 

E até em relação aos instrumentos utilizados, vocês saíram do padrão guitarra-baixo-bateria e colocaram em músicas como “Parece Que Perdi A Fé” até mesmo uma forma de coral no refrão. Isso também foi natural, alguém teve a ideia de repente... como surgiu? 

Filipe: Quando eu fui compondo as músicas, só voz e violão, fui sempre pensando em arranjos possíveis como um coro na hora do refrão, uma guitarra aqui e tal, só uma percussão... Então quando comecei a gravar, deu para colocar tudo isso em prática, porque eu demorei muito tempo para gravar esse CD. Eu comecei em setembro de 2010 e acabei no início de 2011 mais ou menos, foram praticamente oito meses de trabalho, de gravação e composição. Nisso deu para fazer exatamente o que eu queria. Então essas partes dos coros, veio de vários trabalhos que eu já tinha feito de produção musical. E eu sou muito ligado nessas coisas, sempre que eu escuto alguma diferente, eu tenho interesso de fazer e levar pra frente. E acabou tudo nessa panela, essa mistura que acabou gerando o som da banda. E já estamos até pensando em novas músicas, já temos algumas em mente... 

E que coisas diferentes que influenciaram então? 

Filipe: O pessoal da banda é bem eclético, mas temos um gosto bem parecido. A gente gosta muito de rock alternativo, por exemplo Black Keys. Escutamos muito Beatles, Bob Dylan, Los Hermanos, Belchior. E fora esses clássicos, como Chico Buarque, Caetano, que eu gosto muito, tem as bandas alternativas no Brasil atualmente que eu curto muito também. Eu sempre procuro ficar por dentro, sempre que sai alguma coisa eu baixo CD. E isso tudo acaba gerando o estilo da banda. 

No caso, quais bandas alternativas? 

Filipe: Uma já acabou, infelizmente, que se chama Pullovers - bem interessante, letras sensacionais, mas que acabou esse ano. Outra que ainda tá na ativa e é muito bom é o Apanhador Só, do Rio Grande do Sul - uma banda espetacular e até vão tocar em BH no domingo agora (hoje, dia 20). E tudo que vai surgindo, saindo na mídia, nesses blogs alternativos, eu vou baixando e curtindo. 

E falando então das letras das músicas. E as letras do Bona Fortuna? Parece que são histórias sendo contadas. Foi um desabafo ou apenas inspiração, foi indo...? 

Filipe: É, foi indo. Eu sempre procuro buscar temas comuns, triviais para fazer letras. Eu não gosto de fazer coisas muito viajadas ou profundas. Minhas letras são bastante introspectivas, mas sem ser profundas. Eu gosto de temas tranquilos sob uma nova óptica, uma nova roupagem. Algumas eu tive que trabalhar bem mais, com um esforço de produção e composição imenso. “Parece que perdi a fé” é uma delas: eu fiz o refrão rapidinho, veio como uma inspiração, só que depois para fazer o resto da letra eu fiquei agarrado meses. E outras não, foram mais rápidas. Criei o refrão tranquilo e a letra também. Então depende muito. As vezes vem como uma inspiração e as vezes como trabalho.

  1. Parabens Luis,otima entrevista, as perguntas foram muito bem colocadas, isso demonstra sua capacidade, um grande abraço.

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