“Estamos aqui” - O início da mobilização

12 de março de 2011
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À primeira vista, a oficina de malabares ocorrida no Cacoffonia foi um fiasco. Havia mais bolas no chão do que no ar. Oito curiosos e o orientador da aula, o estudante de Relações Públicas e gestor do Enxame, Artur Faleiros, que domina as técnicas de artes performáticas, faziam uma pequena oficina de malabares acontecer.

Quem estava lá queria apenas passar o tempo, brincando um pouco com uma coisa que nunca tentou. Sem pensar, pelo menos por um momento, no significado do festival de unir os alunos em prol de questões caras ao futuro da universidade. Todos perseverando na causa de manter as bolinhas no alto e não esmorecer se não alcançarem o objetivo mor, jogar três bolas para cima e não deixá-las cair. 

É... o ócio coletivo também é mobilização estudantil. Foi fácil ver sorrisos, sejam de alívio por aprender a jogar ou de desencanar com as bolinhas (porque é muito ruim nisso) e apenas brincar. 

“Vim aqui porque eu sempre tentei e nunca consegui jogar. É facinho, é gostoso”, diz Marcelo Montanha, 3º ano de RP que só tinha brincado de malabares com limões e laranjas, sem sucesso. E a atividade fica mais gostosa quando uma tarde quente é amenizada pelas sombras das árvores do bosque da faculdade. Aliás, todo festival foi agraciado pela ótima vibração do bosque. Música boa, muita gente bonita (!), etc.

“O importante é que bombou, que a galera compareceu”, ouvi essa mesma frase de dois membros do Cacoff, o Paulo Monteiro (Pastor) e a Laís Bellini (Gringa). Mesmo em atividades, à primeira vista, inocentes e talvez improdutivas para a discussão dos problemas na universidade, os estudantes se reuniram no campus para aproveitar a sua própria companhia, uniram a classe estudantil onde é o seu lugar. O bosque ficou tomado.

Os malabares, o surfin’n chains (brincadeira do Uga), as bandas, os picolés, espetinhos... tudo  isso contribuiu para a tal transitoriedade dos estudantes pelo campus. O começo é chegar ali e aproveitar, depois alguém pergunta: “O que é esse Cacoff?”, “Por que estamos sem professor?”, “O que a gente pode reivindicar e pra quem?”.

No mínimo, garanto, o festival serviu para que algum diretor olhasse pela persiana de sua sala refrigerada e pensasse: “É... eles estão aqui”. 

Sim, estamos.

Texto: Renan Simão
Foto: Diogo Zambello

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