Canja Colaborativa promove noite de reflexão e arte no Celina Neves

2 de setembro de 2012
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Thatianna e Oliveira
João Victor de Oliveira
Foto: Camila Lourenço

Descotidiano: O dia em que o louco virou gênio e a bolinha virou café.


Um cenário simples - composto por: um rádio antigo, dois livros, duas mesinhas, um par de sapatos, um tapete vermelho, uma pá, um porta-retrato, uma xícara, uma vassoura, um baú, um pote de alumínio, um bule, um banquinho, algumas bolas de cores diferentes, e um artista. Com olhos azuis e cabelos loiros lisos recortados no meio da testa, Otávio Fantinato entrou em cena.


Se movimentando a passos robóticos, presos ao corpo, quase não se mexendo... Olhos cheios d'água, expressão facial de conflito, beirando a insanidade. Um protesto contra a camisa, contra o colarinho apertado, contra as prisões implícitas ao nosso cotidiano. Até o tapete serve de limite para onde se deve andar descalço. Dentro do sapato, uma tomada. Fantinato ligou o radio e procurou uma estação. De dentro de uma pá saíram três bolas de vidro, um pouco maiores do que laranjas. O neurótico alinhou-as no chão, fez com que flutuassem entre suas mãos, voassem sobre seus braços, dançassem percorrendo seu corpo. Aquele que parecia louco no começo da apresentação, agora se tornara um mágico: o neurótico se mostrava um genial. Um personagem quase irreal.


Dois livros viraram malabares. Magro e flexível, a artista se enrolou entre aqueles dois estoques de palavras. Depois, foi a vez da xícara e meia dúzia de colheres entrarem na brincadeira . Depois, a xícara e um dos livros. Xícara, livro e uma bolinha preta. Objetos do cotidiano virando arte. E a bola preta virou o café. E mais 5 bolinhas brancas surgem de um pote de alumínio. Vassoura: cabo mais escova, e ambos para debaixo do tapete. Pega a pá e uma bolinha branca. Não, duas. Não, três. Não, quatro! Não, cinco bolinhas brancas. E agora é a vez delas serem lançadas ao alto ao som de um instrumental acelerado. E lá vem de novo a pá... Após se divertir com todos os elementos do palco, ele desconectou o rádio da tomada, apagaram-se as luzes e o show de cerca de 30 minutos chegou a fim. Merecidamente, Otávio foi aplaudido de pé.

A peça “Descotidiano” é produzida pela Companhia do Coletivo. O homem, que atende pelo nome artístico de Otávio Fantinato, trabalha com malabares há mais de 10 anos e, paralelamente, desenvolve projetos de Artes Plásticas. Ele é de São Bernardo do Campo, São Paulo, e fica em Bauru até este domingo.


Até “O Pensador” balançou ao som de Jovem

Com um som bem compassado, misturando eletrônico, samba e jazz, o músico Jovem embalou a noite. Misturou guitarra e triangulo. Saxofone e batida eletrônica com uma pegada meio hip hop. Moderno e tribal. Até mesmo sua dança era uma mistura de estilos. A bateria, o teclado, som pesado, a suavidade e novamente a batida forte. Puxa o estridente eletrônico, meio Skrillex, e todos deixam o ambiente. Voltam 3 pessoas, acaba o show.



O cenário onde aconteceu o show também era uma mistura de culturas: pinturas de máscaras, uma mulher maravilha colada na parede oposta, pneus e manequins velhos faziam parte da decoração da sala e se contrapunham a uma parede vermelha e bem pintada. Uma vitrola no centro, a mesa eletrônica de Jovem. Até mesmo uma ilustração de “O Pensador” estava alí atrás do DJ curtindo o show. Depois de uma apresentação que, de forma lúdica, evidenciou nossas aflições cotidianas, o show libertador de Jovem pôs fim a mais uma noite da Canja Colaborativa.

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