A vitória do som

17 de junho de 2013
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Texto e fotos por Mauricio Daniel

O festival Vitória Rock já está inegavelmente enraizado na trajetória cultural de diversas gerações da cidade de Bauru. Uma iniciativa que consiste na apresentação gratuita de bandas na concha acústica do Parque Vitória Régia, o evento foi durante muitos anos a iniciação e um verdadeiro templo para jovens que sempre lotavam o espaço em peregrinação. Depois de longo tempo sem acontecer por questões de organização, o Vitória Rock foi resgatado pelo grupo Sociedade do Rock, com apoio da Prefeitura, do Jornal da Cidade e da rádio 96FM, e aconteceu no último domingo, dia 9 de junho.
Desta vez, o festival teve caráter beneficente e englobou arrecadação de roupas e cobertores do público em prol da Secretaria Municipal do Bem Estar Social. A ideia dos organizadores é retomar a iniciativa com força e realizar edições mensais do evento durante todo o resto do ano e a edição de julho já tem data marcada: o dia 7, também um domingo.
A edição contou com a presença de quatro bandas, sendo duas bauruenses e duas paulistanas. Representando a cidade, tocaram Overhead e Supersonica. De fora, as veteranas Baranga e Kiara Rocks.
Por volta das 15:30, horário marcado para o início das apresentações, o anfiteatro Vitória Régia já tinha boa parte de seu espaço tomado pelo público. No entanto, o primeiro show não começou antes das 17:00, ficando o desabafo: as demoras excessivas nas passagens de som já estão se tornando uma tradição nada elogiável em eventos do gênero. Ponto negativo pra organização.
O quarteto bauruense Overhead subiu então ao palco para executar seu som próprio, um rock calcado em músicas diretas e rápidas. Problemas técnicos com os equipamentos prejudicaram o grupo e deixaram tudo um tanto embolado pra quem ouvia. Pessoalmente, considero a banda carente de ousadia, ficando muitas vezes presa a riffs genéricos e letras repetitivas e pouco imaginativas.
Já começava a escurecer no já lotado parque quando o Baranga assumiu as rédeas. Também um quarteto, os paulistanos me impressionaram com a força de seu repertório. Formada por Xande (vocal e guitarra), Deca (guitarra), Soneca (baixo) e Paulão (bateria), a banda tem quatro discos no currículo e acabou de gravar mais um. Suas músicas seguem a linha de um hard rock simples e vigoroso, com pé no blues e um certo tom canastrão, principalmente nos vocais rasgados.
Com letras que dificilmente saem do tripé álcool-mulheres-carros, a Baranga consegue salvar-se de ser uma caricatura de si mesma por fazer tudo com bom humor e atitude. O show dos caras tem muita presença e incendeia facilmente o público, com destaque absoluto para o pirado guitarrista Deca, fazendo solos ajoelhado e agitando sem parar, e o veterano Paulão, sempre tirando um senhor som de sua bateria.
Dentre as músicas apresentadas, merecem menção "Maverick" (com o singelo refrão "meu Maverick, cor de prata/bebe mais que o dono/ninguém me ultrapassa"), a pesadíssima "Whiskey do Diabo" e a mais recente "Deixa a Noite Saber". Foi um agradabilíssimo anoitecer no cartão postal da cidade.
Depois, entrou em cena a Supersonica. Já conhecidos do público bauruense, os caras apostam em músicas também pesadas, mas com agradáveis toques de rock alternativo, além de versões certeiras pra grandes clássicos. Como de costume, não deixaram a peteca cair e seguraram muito bem a onda.
Para encerrar a noite a banda escolhida foi a paulistana Kiara Rocks. Com um som bem sujão e que tem muito do glam rock, agradou a todos os presentes e mostrou a razão de ter sido escolhida para tocar no Palco Mundo do Rock in Rio 2013, no mesmo dia dos monstros Iron Maiden e Slayer.

Numa avaliação geral, o retorno do Vitória Rock foi uma ótima oportunidade de lembrar da importância do evento. A música de qualidade oferecida sem custos em um ótimo espaço superou os problemas técnicos e de organização e o saldo final foi certamente positivo. O momento é oportuno e Bauru merece a volta de tais esforços para aquecer a cena e intensificar a mobilização cultural.
  1. Maurício, valeu pela força cobrindo e
    publicando sobre o evento, isso ajuda e muito!

    Faço parte da Sociedade do Rock e entendo o ponto
    negativo quanto ao horário e passagens, realmente
    tentamos manter o cronograma, mas problemas técnicos
    (que você mesmo citou acima) acabaram nos impedindo
    de pontuar positivamente nesse quesito.
    Esperamos que na próxima edição consigamos...

    Só gostaria de ressaltar (de forma positiva e informativa)
    dois detalhes do texto onde rolaram alguns equívocos:

    O primeiro deles é em relação a periodicidade do evento,
    já que o mesmo tem, inicialmente a previsão de ocorrer
    em média 4 vezes ao ano (não mensalmente, como fora citado)
    e o segundo diz respeito ao repertório da banda Supersonica,
    que nesse dia estreou (além da nova formação) um show
    completamente autoral (ou seja, sem versões de clássicos),
    contando apenas com as músicas que farão parte do próximo
    disco, que tem previsão de lançamento p/ outubro de 2013.

    Dia 07/07 tamo junto lá denovo, me procure
    se precisar de mais detalhes.


    Abração e valeu!



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