"Livro não se guarda"

17 de maio de 2013
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Projeto Livro Livre em Bauru leva literatura a bairros afastados
Objetivo do Projeto é fazer livros circularem entre os moradores

Regiane Folter

                Na feira noturna do Mary Dota, uma barraquinha cheia de livros chama a atenção de quem passa. O Projeto Livro Livre da Biblioteca Municipal de Bauru leva best-sellers, obras clássicas e até gibis para bairros mais afastados da cidade. No Mary Dota, o Projeto acontece a cada 15 dias e em outros bairros como Vila Giunta e Jardim Godoy, a barraca de livros aparece uma vez por mês. Já no Jardim Botânico, representantes do Livro Livre marcam presença todo final de semana.


Cada pessoa pode retirar até três livros, sem necessidade de dar outros em troca ou fazer algum cadastro. Mesmo assim, muitas pessoas gostam de doar obras ao projeto, como a aposentada Iracema Domingues Silva. “Livro não se guarda, a gente lê e passa para frente”, afirma ela. Alguns livros do Projeto vêm de moradores como Iracema, mas a grande maioria dos volumes é excesso de doações da Biblioteca Central. O Projeto também é solicitado para participar de eventos de escolas e organizações comunitárias.

Esse é o segundo ano que o Projeto acontece em Bauru, mas antigamente o formato era bem diferente. Os livros eram colocados em displays dentro dos ônibus da Emdurb, porém, para Nilson Junior, Diretor de Divisões de Bibliotecas, a participação nas feiras é mais eficaz. Em 2012, 3700 livros foram retirados nas feiras e, de janeiro a abril desse ano, o total de livros retirados já era de quase de 2 mil. São cerca de 50 visitas a barraquinha do Projeto a cada feira. Segundo Nilson, com o desenvolvimento da internet, as bibliotecas não são mais procuradas como locais de estudo, e agora elas têm que se reinventar para chamar a atenção do público. O objetivo é que os visitantes do Projeto comecem trocando livros na feira e possam se tornar sócios das bibliotecas fixas e emprestar livros com regularidade. “O Projeto foi feito para quem gosta de ler, mas não pode ir à biblioteca”, explica Nilson.

O assistente social Valter Ferreira, que ajuda Nilson a montar e cuidar das barraquinhas de livros, conta que se eles pulam uma das feiras, as pessoas reclamam. Em algumas edições do Projeto, não são apenas os livros que chamam a atenção do público, mas também ações culturais. As atividades propostas interferem na realidade das pessoas, seja por meio de filmes, música ou intervenções artísticas. Valter conta que já levaram bandas marciais, música clássica, cinema e circo para algumas feiras. Aos poucos, eles vão descobrindo os gostos de cada lugar e como atingir mais moradores. A condição para participar do Projeto pode ser complicada, segundo Valter: “Eu digo pra pessoa ‘É caro, não sei se você tem condição; é preciso ler”.

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