Festival da Rádio – Impressões sobre o terceiro dia

29 de maio de 2011
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A Vitória do Blues
Texto por Laura Luz
Fotos por Diogo Zambello

Guilhermão. Um lugar sempre mal aproveitado, resumido a apresentações de trabalho e a fugidinhas durante o dia. Que bom vê-lo empregado dessa forma tão atrativa, da forma que mais agrada e que nesse terceiro dia de Festival de bandas Rádio Unesp FM 20 anos realmente agradou.

A primeira banda da noite deu um frescor às outras. Garotos do cursinho da Unesp com o sonho adolescente sendo consumado em um palco para universitários. Devia ser mesmo sonho para A Bela e as Feras.


Começaram de forma inovadora com um violino tocando o clássico Bitter Sweet Symphony, do  The Verve. Sim, existia um violinista entre eles. A torcida sub18 era inquieta e dava força aos periódicos exageros na interpretação da enorme banda, que, com apenas uma menina como sugere o nome com apenas um mês de formação, mostrou que não se deve intimidar pelo público.



L’s entrou para ser performática. Com uma vocalista sensualizante e muito presente em palco. Poses rockstar, um salto agulha e um legging de couro sustentavam tanta presença.


Os tradicionais quatro membros, continuavam o lugar-comum do grupo. Baixista de performance agressiva, batera brabo, cheio de caretas e guitarrista cabeludo.


A cada intervalo entre bandas Orelha da RP Jr e João da Rádio Unesp Fm entrevam no palco para entreter a platéia. Em um dos intervalos o Artur, do Enxame Coletivo, todo de branco fez sua intervenção circense cheia de teatralidade. Ao som de Lux Aeterna, os malabares ao mesmo tempo que íntimos pareciam estranhos a ele em sua performance.




Lá fora, continuavam as manifestações de arte, venda de artesanato, barraquinhas nômades e até sanduíches do Cacoff que parecia embalado pela recém-entrega do abaixo- assinado feito ao coordenador de curso de jornalismo.



Nas paredes telões ilustrados com fotos da Rádio e patrocinadores permeavam a terceira banda. Marte em Chamas me remeteu a várias referências “Não é impressão minha, tinha umas notinhas meio Cyndi Lauper naquela música”, pensei.

Em um cover de Cazuza imitou- se até a lingüinha suspeita. O baterista de óculos escuros tinha aquela postura Oasis de petulância simpática. Sincronicamente a uma coreografia de agitação funcionou o público faminto da Unesp.



Depois de mais uma entrada dos agitadores de palco e um sorteio de camisetas, a Estação Primeira de Bluseira nos contemplou sendo a quarta banda concorrente do Festival. A apresentação começou inovadora, com Verídico usando uma pedaleira de voz, remetendo a um som mais primitivo e abafado.
A banda mostrou a típica postura contida e uma qualidade se som que foge do anonimato, além de um tapa na gaita para constar.

A quinta e última banda concorrente no Festival fugiu dos moldes das outras. Kães Elétricos era uma banda com tradição na cidade e na estrada desde os anos 70. Depois de um sóbrio “Boa Noite”, o vocalista veterano com dois crachás pendurados no pescoço começou a sua apresentação. A primeira impressão Roupa Nova logo foi rebatida por um rockinho bate cabelo. O becking vocal de falsete humorado e cheio de caras e bocas chegava a intimidar.

Vocal/Guitarra, baixo e batera apenas,com uma letra que mais parecia uma brincadeira de opostos e jogos de palavras eco educativas, foram atenuados por um cover animado de Route 66.

Enquanto os jurados terminam suas escolhas a banda Pé de Macaco subiu no palco com uma segurança própria de velhos artistas e numa apresentação de muitos solos de guitarra e menos vocal que o de costume deu exemplo para as outras bandas.

Foi a tranqüilidade mais energizante da noite, daquelas de fechar o olhos como Sagui fazia enquanto dedilhava a guitarra.



Pudim se empolgava como dificilmente mostra em outras situações e Cambota sempre arrebenta na bateria fazendo até parecer fácil pra quem vê. Brisa canta, mas nunca tem exclusividade do microfone, uma banda em que todos tem voz.

Todas as músicas eram autorais, sem cover, algo que por nenhum momento afastou o público, que muitas vezes já sabia o que cantar junto. Vários gritos de ânimo explodiam do palco, com destaque para quando sagüi toca o bumbo da bateria junto com Cambota ou quando Pudim faz solos na gaita. Eles mandaram um abraço até para quem estava na sala de aula aquela noite.

Era chegado o momento do resultado, valia uma gravação em estúdio, o presente mais valioso para uma banda de garagem.

O clima de show tirou a referência do público da hora. Não eram nem 23h e tudo aquilo tinha acontecido. Um sabor sentido por poucos que já passaram por esse campus e que dificilmente será esquecido por quem teve esse prazer.

Uma banda, não vários caras
Texto por Laís Bellini
Fotos por Diogo Zambello

Pra não deixar de falar do último dia do Festival Cultural 20 anos da Rádio Unesp, aqui vão minhas impressões. Foi bem legal, mais bandas, vários estilos e mais gente aparecendo porque ouviu dizer que no dia anterior tinha sido legal!

Eu fiquei super nervosa com o resultado e eu nem tava concorrendo a nada! Hahaha! O som estava melhor, apesar de não estar perfeito. Mais uma vez é bom lembrar que a culpa ali é do lugar: o Guilhermão não tem a melhor acústica pra se fazer um Festival de Música, mas na falta de um bom ambiente, a gente se diverte com o que tem e aproveita o espaço da universidade!

Para os vencedores? Só coisa boa! A banda “L’s” ficou em 3º lugar e ganhou uma Viagem ao Instituto de Artes da Unesp. A banda “Samanah” ficou em 2º lugar e levou 1200 reais em compras na loja Musicalle. E para a “Estação Primeira de Bluseira”, 24 horas de gravação em estúdio profissional, sua música tocada na programação da Unesp FM durante 1 ano e uma entrevista no Unesp Notícia. Ganhar o primeiro lugar era bom demais!

Não vou deixar de ser parcial, eu sempre adorei assistir aos shows da Estação e realmente torci para eles. As músicas próprias são muito boas e os caras são muito profissionais. Não posso deixar de falar da presença de palco do cantor, o Verídico. Não é porque ele é meu amigo que eu não vou falar né! Ele nasceu pra brilhar muito no palco! Hahaha! A banda toda se envolve muito bem durante o show. Acho muito chato quando aparece meia dúzia de caras, tocam cada um seu instrumento e só. Não parece uma banda, parece vários caras que têm técnica. A minha visão, de alguém que, no máximo, toca um triângulo é que para ser uma banda tem que ter envolvimento e isso tem que ser claro nos shows. Nós que estamos assistindo queremos ver isso. Parabéns a todas as bandas que continuam ai mostrando o que fazem de bom. E parabéns aos coletivos que estimulam essas bandas a não desistir. Todas tem seu espaço, seu público e seu momento.

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