Pessoas derretendo ou o videoclipe na balada

27 de fevereiro de 2011
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Dos momentos ápices de uma festa, gosto mais de observar quando boa parte das energias já escorreram, as pessoas estão meio ausentes, não conseguem ir embora, o copo já faz parte do figurino, o céu clareia e se mancha de roxo. Só os vencedores é que recebem o presente das nuvens, basta olhar para cima e contemplar, derreter. Because the sky is bluuueee....

Ainda antes do sol aparecer e logo após o último show da primeira noite da Seletiva Grito Rock Bauru, a discotecagem começou. Pós-punk. Rock altamente dançante. Cores e neons na semi-pista do Jack. Fui dar um rolê lá no fumódromo, encontrei uma musa (que faz stencil, serigrafia, curte cultura urbana, mas ganha a vida como bancária, charmosíssima, capoeirista), várias bitucas, bocas esfumaçadas e vários papos sobre música, sobre a noite. Atravessei o vidro de volta.

E a juventude estava lá. Nem todos exatamente. A balada claramente caminhava para o fim. Mas não para aquelas dez, doze, quinze pessoas que pareciam multidão, se divertiam, viviam a música intensamente na pele, transpirando todo o tabaco, álcool, rock e as notas musicais que ficaram impregnadas, como num videoclip real. Agora que a gente tem que ligar a câmera, cadê o Japa? - lançou no ar o João Guilherme. Olhei de novo e fui lá perto sentir, ameacei, mas precisaria da loucura de um ácido, estava cansado, a cena, porém era inédita, nunca antes na estória deste coletivo. Que benção, alternando a viagem entre as cores das luzes e a projeção no telão, com a discotecagem, mandavam dancinhas tortas, dancinhas derretidas, compassos de balé e de rock, air guitars e mais uma porção de cirandas e danças saborosas. O poder da música, power to the people. Fazia todo sentido agora, Jonh.

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