Vamos mexer Bauru!

1 de julho de 2011
0
Por Aline Ramos
Fotos por Jorge Raulli

Quarta é dia de alcançar a Quarta Dimensão no Shiva Bar. E não foi diferente no último dia 29 de junho. O dia mais frio dos últimos 11 anos em Bauru terminou aquecido para quem esteve na terceira edição do evento que contou com a participação de Johnny Sue (Araraquara/SP) e Juca Culatra e os Piranhas Preta (Belém/PA).

Entre muitos rostos conhecidos e outros nem tanto, era possível ver de longe uma toca listrada com as cores vermelho, amarelo e verde. Ela passeava de um canto a outro do bar, enquanto seu dono com uma câmera na mão registrava cada momento, sorria, brincava e cumprimentava quem estivesse no caminho. O clima pro show que o Juca faria logo depois, estava sendo preparado por ele mesmo. Mas também pela discotecagem da noite, que estava por conta do Coletivo Árido Groove.

Foi em meio a bons drinks, copos de cerveja, sorrisos, flertes, conversa, muita conversa, que Johnny Sue subiu ao palco. Com um jeito meio tímido de quem tá fora de casa, Ekena apresentou sua voz e silenciou algumas rodinhas. Johnny Sue não é só a voz da moça de nome estranho e com um alargador enorme com um violão em mãos. Johnny Sue também é Miguel (baixo), Péricles (bateria) e Cássio (percussão) fazendo um som folk indie.



A banda de nome que homenageia uma de suas maiores influências, Johnny Cash, tocou para ouvidos atentos o show intitulado “The Pockets of my Dresses”. Johnny Sue apresentou um repertório autoral que fala de amor e das idas e vindas dos relacionamentos humanos. Agradou aos ouvidos e nos fez sentir em casa. Ou melhor, criou um ambiente de churrasco entre amigos e família, que por ironia é o momento em que as principais decisões da banda são tomadas, como conta uma sorridente Ekena. Com um ano de banda, Johnny Sue já tem EP e já foi pro estúdio gravar seu primeiro CD. O lançamento está para outubro desse ano.


A discotecagem de Leandro Fontana volta a tomar o ambiente do Shiva. Sua base era o afrobeat com uma mistura de bandas de jazz, funk e dub. Tudo com muito metal, muito mesmo. E segundo Leandro, a escolha foi feita para “entrar no clima do Juca”. E este por sua vez, fazia seu aquecimento logo ao lado do palco. Com uma camisa da seleção brasileira, Juca mais parecia se aquecer para uma partida de futebol. Aquele era o Aquecimento Culatral, “fundamental antes de qualquer show”, afirma Juca.

Logo em seguida com um só salto Juca pula pro palco e a banda começa a tocar. A dúvida que logo surge é se Os Piranhas Preta acompanham o ritmo de Juca, ou o contrário. Ninguém precisa responder, o grupo mostra que um complementa o outro. O reggae, ska e dub tomaram conta do ambiente, os corpos íam e voltavam, os ombros se balançavam. E eis que Juca começou: “criolo doido, muito doido da cabeça... criolo doido doido doido”. Quem não conhecia, ficou intrigado com os gestos e caretas de Juca, mas para quem já tinha acompanhado a apresentação no Grito Rock 2010 sabia que aquilo era o Juca sentindo o que cantava.
Com letras que criticam a degradação do meio ambiente, a situação política no país e com mensagens de verdade, amor e paz, Juca lançou um “viva a Marcha da Liberdade!”. Logo um público fiel tomou a frente do palco que não arredou dali até o fim do show. Acompanharam a loucura de Juca, dançaram, ouviram suas músicas autorais e um cover de “Loirinha Americana” da banda Mundo Livre S/A.



Mas o clímax foi alcançado quando Juca perguntou “E para presidente do Brasil o que? O que?”. No que foi respondido “Juca Culatraaaaa”. Distribuiu CDs entre a plateia dizendo que como “bom político” estava comprando o voto da galera. Cantou “Amanhã vou me candidatar” e no final deu o toque: “fica a crítica pra quem vota sem consciência”. E foi na euforia que estava banda e público que Juca derrubou algumas garrafas do palco. Mas naquela altura do show ninguém se importou, tudo era festa. A plateia bateu palma. Juca cantou mais, brincou de estátua, mas também pediu para Bauru se mexer e se mexeu junto.

Visceral, palavra que não saiu da minha cabeça durante todo o show. E também é a palavra que continuou ao ouvir de Juca que vir para Bauru pela segunda vez e saber que havia uma galera aguardando por isso é saber que o “negócio” está funcionando. E sobre a sua crítica, Juca simplesmente resume que essa é a sua forma de se comunicar. “Cada um tem a sua maneira de falar, a minha é a música”. Visceral!



E se você perdeu tudo isso, o Juca colocou o áudio do show inteiro aqui.

Nenhum comentário:

Postar um comentário