O 4 Instrumental dos arranjos expressivos

11 de agosto de 2011
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Fotos por Diogo Zambello
Por Jéssica Mobílio e Lígia Ferreira

Começava mais uma noite, e mais um Jack Pub. A atmosfera começava a se formar. A Noite Fora do Eixo #13 começava a nascer. Estávamos ao fundo com passos leves ao som do “mambo black samba” que agradou a todos. O 4 Instrumental entrou em cena com seus teclados psicodélicos, flauta transversal, bateria, baixo e guitarra.Os mineiros de Sabará já eram conhecidos por circular no Festival Escambo (MG) com apresentações únicas. Em pouco tempo, o público ficou entorpecido pelo som expressivo e habilidade dos integrantes.



Às vezes ouvíamos, “o guitarrista lembra o buckethead”, “ele abusa da pedaleira e faz distorções à la Jimi Hendrix” ou “aquele teclado remete aos anos 60”. Com influência do rock inglês – muito evidente e da música instrumental brasileira, a flauta transversal contribuía para os altos das composições e o equilíbrio do grupo. Chegamos ao ponto de, “olhar as expressões”. Os olhos fechados do baixista sem palheta, do guitarrista que estourou uma das cordas e trocou de instrumento três vezes, do tecladista inclinado, e a bateria que comandava todo o resto com sacadas geniais. O quarteto faz um som bastante melódico, que nos remete do blues ao rock progressivo, num sincronismo perfeito entre o teclado e a guitarra



Já não sabíamos se a música era mais relevante que o jogo lúdico da banda. O encontro das pessoas que ali estavam e o grupo, caracterizavam a noite de sábado bauruense. Eram interações silenciosas, os rostos que acompanhavam os dedos do guitarrista Thiago Guedes e tranqüilidade de Tiago Salgado na flauta. Composições que oscilavam entre o rock acelerado e períodos lentos definiam o trabalho dos quatro,
numa cadência perfeita. Uma hora de apresentação, uma energia simbólica fluía no ambiente. Uma das últimas canções, “Tio Sun”, é rock ’n’ roll puro. Aplausos tímidos, mas que valiam o show.



Sanatório musical
Por Aline Ramos

Alguém me explica que noite foi essa?! Não houve algo que detivesse o talento das duas bandas, repito, das duas bandas. O 4 Instrumental subiu ao palco e os comentários do lado “de cá” vinham acompanhados de olhares arregalados com um toque de felicidade.

Sobre o Jack pairava a dança, o riso, o pulo. Era perceptível, bandas e público falavam a mesma música. Entre o 4 Instrumental e Jair Naves entrar no palco, mais discotecagem. O DJ Abumay, de Marília, tirou todo mundo para dançar ao som do samba, black e mambo. Os tímidos, a galera do bar, o pessoal do chaveco, não teve outra escolha. Estavam trocando passos, mesmo que inconsciente.



Timidamente Jair Naves começou seu som e foi atraindo a galera novamente para perto do palco. Aos pouquinhos, aquele som melancólico, curioso e poético foi se transformando em fúria, insanidade, euforia. Quando nos demos conta, havia um Jair suado agarrado ao seu microfone berrando canções de dor. Depois um Jair em cima de uma cadeira rodeado de gente que entendia do que ele estava cantando só de ver seu rosto atordoado. Um Jair no canto, perto das caixas de som, quietinho, amuado, com um choro sofrido. E quando menos esperávamos, ele estava no chão, dando mais do que vida a sua música, dando emoção. O cantor performático não cabia somente em sua música, era preciso comunicar com o olhar. O público ia e vinha com o seu movimento, éramos um só. De fato, estávamos ensandecidos.

A banda não poderia ser esquecida, ali atrás ditava o ritmo e dava forma àquilo que queríamos, loucura. Helena, uma loira delicada, mas que com um baixo nas mãos detonava. Mark, um bateirista barbudo com um olhar melancólico e Daniel, que era puro cabelos segurando sua guitarra. Eram eles, que por vezes, se surpreendiam com Jair.




Há quem tenha achado tudo muito estranho, olhado meio torto para aquele cara no palco berrando. Durante a semana, os comentários continuaram, nem Jair Naves, nem 4 Instrumental passaram despercebidos pelo palco do Jack. A única definição para a noite de sábado no Jack, é que ela estava Fora do Eixo, e pela 13ª vez.



Diários de Viagem #7 . 4instrumental + Jair Naves . SP/MG . 2011 from Carou Araújo on Vimeo.

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